Música e Saúde
A ideia de que a música afeta a saúde e o bem-estar das pessoas já era conhecida
por Aristóteles e Platão. Somente na segunda metade do século 20, porém, os
médicos conseguiram estabelecer uma relação entre a música e a recuperação de
seus pacientes.
No final da Segunda Guerra Mundial, músicos foram chamados para tocar em
hospitais como forma de auxiliar o tratamento dos feridos. Como a experiência
surtiu resultados positivos, as autoridades médicas dos Estados Unidos decidiram
habilitar profissionais para utilizar criteriosamente a música como terapia. O
primeiro curso de musicoterapia foi criado em 1944, na Universidade Estadual de
Michigan.
A música pode representar mais que uma habilidade para tocar um instrumento ou
cantar. Pode ser um instrumento de saúde, desenvolvendo potenciais, actuando na
prevenção ou no tratamento de questões como o stress. A musicoterapia é uma
modalidade que pode ser usada individualmente, em família ou em grupo.
Por meio dos sons, podemos tocar outras instâncias. É o que mostra a
musicoterapia, ao buscar desenvolver potenciais, restaurar funções de saúde do
indivíduo através de reabilitação, prevenção ou tratamento.
”É uma modalidade de trabalho que se utiliza da música e de elementos
constituintes da música numa relação terapêutica para ajudar a pessoa a atender
as suas necessidades. Destina-se a pessoas que têm alguma deficiência, algum
distúrbio psíquico como depressão, autismo, esquizofrenia, assim como a
atendimentos geriátricos ou pessoas que buscam auto-desenvolvimento”
Pesquisas revelaram que as ondas sonoras provocam movimento do protoplasma celular; sementes estimuladas
musicalmente possuem traços aprimorados… A música afeta o nível de vários
hormônas, inclusive o cortisol (responsável pela excitação e pelo stress),
testosterona (responsável pela agressividade e pela excitação) e a oxitocina
(responsável pelo carinho). Assim como as endorfinas, a serotonina (neurotransmissor
que faz a comunicação entre os neurónios).
- O treino musical favorece o desenvolvimento cognitivo, atenção, a memória, a
agilidade motora, assim como cria uma experiência unidade entre linguagem,
música e movimento. Pitágoras dava à terapia pela música o nome de purificação.
A sua música curativa propunha-se a equilibrar as quatro funções básicas
do ser humano: “Pensar, sentir, perceber e intuir”.
“A música responde a uma fonte poética de criatividade através de um cérebro que
ressoa em resposta às solicitações de um cosmos que lhe fala.” O fato de
geralmente encontrarmos acordes e intervalos consonantes em diferentes culturas
musicais parece ser causado, portanto, uma tendência herdada dos mamíferos de
preferirem tais combinações sonoras (consonantes).
Se considerarmos apenas a influência do ambiente e da tradição, torna-se por outro
lado difícil imaginar de que modo um aspecto tão específico como as relações
sonoras harmónicas se pôde desenvolver de maneira tão independente em diferentes
culturas musicais através dos tempos, assim como em ratos sem treino prévio –
tudo ao acaso.
Esse facto implica que deve existir alguma predisposição neurobiológica que faz
com que determinadas combinações sonoras soem de um jeito especial ao ser
humano. Quando as ondas sonoras alcançam o ouvido, o tímpano é acionado como
uma membrana microfone, que vibra com a frequência do som.
As vibrações são transmitidas através dos ossículos do ouvido médio para a
cóclea e, então, movimentam as fibras de uma membrana que está no interior da
cóclea.
Essa membrana (basilar) é composta de “cordas” transversais, entrelaçadas, cada
uma afinada com uma frequência/altura específica. Devido às leis da ressonância
e da estrutura da membrana, as vibrações da membrana (deslocamento) serão
maiores na “corda” que está afinada com a frequência em questão. Cada nota terá,
uma localização específica ao longo da membrana – da mesma forma como as cordas
de uma harpa ou de um piano.
As “cordas” no ouvido interno são acionadas pela ressonância, de um modo
bastante semelhante ao que ocorre quando se levanta a tampa do piano e se grita
no seu interior, enquanto se aperta o pedal direito; o piano “responde” com um
som fraco correspondente à altura do grito devido às vibrações (ressonância) nas
cordas afinadas com o grito.
Bibliografia:
Música e Saúde - Even Ruud - e Summus Editorial
A música serve de terapia para todas as idades.
Contribui para o bem estar geral do organismo e para a saúde plena do indivíduo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) formulou em 1946 a seguinte definição de
saúde:“A saúde é um estado de total bem estar
físico, psíquico e social e não apenas a ausência de doenças ou debilidade.
Gozar da melhor saúde possível é direito de todo homem, independente de raça,
religião, convicção política ou situação económica e social.”
Meditando sobre essa definição, percebemos o quanto a música contribui para esse
bem estar físico, psíquico e social. A cura milagrosa das doenças
psíquico-somáticas por meio da música tem aumentado em número e grau. Sabemos
que nenhum ser humano é uma ilha, e, a integração social é importantíssima desde
tenra idade. Alguns indivíduos já são extrovertidos por natureza, outros mais
tímidos e retraídos, nesses casos a música serve como um elo entre eles e os
demais. Por meio das apresentações em público nas escolas, igrejas, clubes,
salões de eventos, conservatórios e teatros, esses indivíduos vão vencendo a
timidez, tornando-se mais sociáveis, felizes, crescendo sua alta estima, levando
assim a uma saúde proporcionalmente mais completa.
O prazer em fazer e executar música torna-se o “centro encefálico da felicidade”
que contribui para a saúde dos executantes e ouvintes que recebem esses fluidos
sonoros e agradáveis. Desde tenra idade a criança começa a emitir sons musicais,
mesmo antes de balbuciar as primeiras palavras. Ela reage positivamente a
canções de ninar e pequenas canções folclóricas e as aprende antes de conhecer
todos os sentidos das palavras e conseguir emiti-las completamente e
perfeitamente.
Nós sabemos que pessoas de classe social mais baixa possuem menor expectativa de
qualidade de vida do que pessoas de classe social mais alta, porém, encontramos
nessa classe humilde, grandes músicos compositores que por meio da música se
tornaram famosos encontrando o sentido de uma vida mais saudável e feliz.
Outros, ao contrário, não sabendo utilizar a relação positiva entre a música e a
saúde, deixaram-se perder na boémia da noite e alcoolismo, perecendo
prematuramente.
Uma maneira agradável de conquistar a saúde é por meio da música clássica ou
erudita, pois, equilibra o sistema nervoso, desfaz o stress, regulando as
batidas do coração. A descontração e o relaxamento total ao executar ou
apreciar uma peça musical é uma experiência que favorece a capacidade de sentir
prazer, alegria e felicidade que proporciona bem estar e saúde emocional,
refletindo e contribuindo para a saúde geral do indivíduo.
Normalmente as pessoas de espírito positivo, que amam o que fazem, que reservam
parte de seu tempo para o crescimento cultural, emocional, espiritual e para o
condicionamento físico e lazer, são pessoas que vivem mais, sempre felizes e com
boa saúde. Quando é desenvolvido o dom da música, ela permite a criatividade,
liberdade de expressão, igualdade entre as classes sociais, maior calor nos
relacionamentos humanos, maior dignidade e respeito pelo próximo, maior amor às
artes e ao ser humano.
Infelizmente constatamos que muitas vezes a música é usada com fins egoístas,
amparados pelo ciúme e a inveja e outros gostam fazem e apoiam a música com fins destrutivos, pois, são contrárias às batidas do
coração que tem efeito de drogas como maconha, cocaína, heroína e outras, como
no caso de músicas com excesso de síncopes e dissonâncias usando volume
exageradamente alto contribuindo para destruir as células nervosas do ouvido.
Todos os seres humanos foram dotados de livre arbítrio, ou seja, livre escolha.
Somos livres para escolher o que comer, o que ler, o que estudar, o que ouvir, o
que ver, enfim o que fazer. Normalmente colhemos logo os resultados de nossa
escolha: se escolhermos bem, seremos pessoas vitoriosas, felizes, realizadas e
com saúde; se escolhemos mal, seremos pessoas fracassadas, infelizes, frustradas
e doentes. Que escolha você quer fazer…?
Lembre-se que a vida parece ter sentido quando existem objetivos, quando ela
dispõe de valores essenciais, os quais podem ser encontrados na filosofia,
moral, patriotismo, religião e obras sociais, e, também quando as pessoas se
sentem valiosas e importantes na sociedade. Nesse caso, entra a música que
aumenta a autoestima, a memória, a coordenação motora e o entrosamento do
indivíduo na sociedade, colaborando assim para uma formação e informação
organizada, harmoniosa e saudável.
(Fonte: Gerson Gorski Damaceno
* Doutor em Educação Musical
Ana Maria N. Gorski Damaceno* Mestre, Pianista Concertista )
Para além do fascínio que a música exerce sobre a grande maioria das pessoas, há
muito tempo que se sabe que ela tem o condão de interferir com mecanismos
cerebrais, estimulando determinados circuitos da massa cinzenta, funcionando
como uma terapia.
Segundo especialistas, a música pode ajudar no tratamento da dor quando se
recupera de uma cirurgia, na reabilitação de indivíduos que sofreram um AVC e
ficaram com sequelas, e em situações de dores crónicas.
Os primeiros registos sobre os benefícios da música no tratamento de doenças
remontam a publicações do século XVIII, altura a partir da qual se encetaram
estudos nesta área. Independentemente de as descobertas não terem sido de monta,
sabe-se hoje que árias aprazíveis suscitam a libertação de substâncias no
organismo que originam sensações de prazer e bem-estar.
Um grupo de cientistas finlandeses da área da neurologia descobriu recentemente
que a música estimula o sistema nervoso, ativando várias regiões do cérebro em
simultâneo, o que nas pessoas em que essas zonas se encontram danificadas por um
derrame, acelera o processo de recuperação. Por outro lado, ajuda a prevenir a
depressão, tão frequente nestes pacientes.
Também no que concerne ao tratamento pós-cirúrgico, um artigo editado no jornal
“Critical Care Medicine” refere existir uma resposta fisiológica efetiva à
música por parte de enfermos intervencionados cirurgicamente. Mozart revelou
possuir maior efeito sedativo do que os fármacos! Verificou-se uma diminuição da
pressão sanguínea e dos batimentos cardíacos, a par de uma menor necessidade de
recorrer a analgésicos e de uma descida dos níveis de algumas hormonas
relacionadas com o stress.
Foi no término da Segunda Guerra Mundial que surgiu a ideia de convidar músicos
para tocar em hospitais. Tal apoio no tratamento dos feridos aportou frutos tão
positivos que as autoridades médicas americanas resolveram profissionalizar
pessoas com o intuito de se recorrer à música como terapia. Então, em 1944, foi
desenvolvido o primeiro curso de Musicoterapia, pela Universidade Estadual do
Michigan, nos Estados Unidos.
A musicoterapia traduz o uso da música como instrumento de saúde, evidenciando a
real possibilidade de reabilitar e prevenir doenças por meio dos sons.
Presentemente, muitos médicos de diversas especialidades fazem uso da música
como expediente terapêutico em patologias como a hipertensão e o cancro, e
advogam que o método é um excelente complemento do tratamento convencional,
capaz de reduzir as consequências da doença e, por conseguinte, o emprego de
analgésicos e sedativos. O efeito desse tipo de terapia vai além do uso da
música como tranquilizante ou como ferramenta para regozijar o paciente.
Pesquisas caucionam que o tratamento robustece emocionalmente o doente,
ajudando-o a lidar melhor com os sintomas da sua enfermidade.
A música pode estar mais associada à aptidão para tocar algum instrumento ou
para cantar. Tem o condão de desenvolver potenciais intrínsecos, agindo ao nível
da prevenção e do tratamento de afetações como o stress, o flagelo do século
XXI. A musicoterapia é versátil, pelo que se pode usar individualmente, em
família ou em grupo. Dirige-se a portadores de deficiências várias, distúrbios
psíquicos que incluem a depressão, a esquizofrenia e o autismo, e tem ainda
aplicação no âmbito da geriatria.
Em acréscimo, o treino musical fomenta o progresso cognitivo, a atenção, a
memória, a destreza motora e cria unidade entre linguagem, música e movimento.
Pitágoras atribuía à terapia através da música a designação de “purificação”.
Segundo ele, a música curativa destina-se a (re)equilibrar as quatro funções
básicas do ser humano: «pensar, sentir, perceber e intuir».
Outra realidade onde a musicoterapia tem uma utilização crescente diz respeito
ao aumento exponencial de idosos institucionalizados. O internamento do idoso em
lares surge, normalmente, da impossibilidade da família em tomar conta do seu
velho ou na sequência do stress e/ou esgotamento físico do cuidador após doença
prolongada do idoso, falta de tempo ou intolerância à senilidade.
Desenraizados e vulneráveis, a música tem a dita de amenizar as mudanças
radicais que os idosos enfrentam quando são internados, os imensos fatores de
desestabilização a que ficam sujeitos, desde as novas regras do dia-a-dia até à
coabitação com pessoas desconhecidas e que não escolheram para compartilhar o
espaço e a vida, e, sobretudo, a perda dos vínculos com familiares, amigos e
vizinhos. Os idosos sentem-se isolados, desvalorizados, desprovidos de
autoestima e, muitas vezes, da própria identidade.
O facto de a população estar cada vez
mais envelhecida exige políticas de saúde específicas, mormente virada para a
conservação da capacidade funcional dos seniores. Atualmente, buscam-se novas
modalidades de tratamento, com uma abordagem multidisciplinar, no sentido da
conceção da pessoa idosa com um todo, harmonizando estrutura física e mental.
Neste contexto, a utilização da música revela-se um meio eficaz na solução de
conflitos internos, na expressão de emoções, na evocação de lembranças e no
reavivamento de factos inconscientes. A memória reativada converte a velhice em
tempo de recordar, dando azo a reconstruir e reviver episódios significativos da
sua juventude e repensar, com as imagens do presente, as experiências do
passado.
Ouvir música é saudável para toda a gente. Alivia tensões, ajuda a refletir,
transporta-nos para cenários de prazer, cura-nos. Qual a importância da música
na sua saúde a na sua vida?
Cantar pode até não espantar os males, como apregoa a sabedoria popular, mas a
utilização de sons, ritmos e melodias ajuda a restabelecer a saúde de alguns
pacientes. É o que garantem médicos das mais diferentes especialidades, que
utilizam a musicoterapia como recurso terapêutico no tratamento multidisciplinar
de inúmeras doenças, como hipertensão, enfermidades cardiovasculares e até
câncer.
"A musicoterapia é um excelente complemento ao tratamento convencional. A
técnica não consiste em tocar uma música para o paciente ficar alegre. A
proposta é fortalecê-lo emocionalmente para melhor lidar com os sintomas da
doença. Isoladamente, a musicoterapia pode até não curar ninguém, mas promove
melhoras no quadro clínico", salienta a psicóloga e musicoterapeuta Cristiane
Ferraz Prade, que utiliza a técnica no tratamento de crianças portadoras de
câncer.
O efeito terapêutico da música, porém, vai muito além do aspeto tranquilizante
de uma sonata de Bach ou uma sinfonia de Beethoven. Estudos garantem que a
música potencializa a reabilitação de pacientes em casos de doenças
degenerativas do cérebro, como Parkinson e Alzheimer, melhora a coordenação
motora de deficientes físicos e induz a liberação de certas substâncias, como dopamina e serotonina, que proporcionam sensação de prazer e bem-estar.
Durante sete anos, o psiquiatra Daniel Chutorianscy coordenou o projeto Conto
com Você - Magia e Encantamento no Hospital Infantil Getúlio Vargas Filho, em
Niterói. Segundo ele, a iniciativa proporcionou a redução de 30% no tempo de
internação das crianças. Atualmente, ele está à frente do projeto "A Arte de
Ver Nascer", em parceria com a Orquestra Sinfónica da Universidade Federal
Fluminense (UFF), na Maternidade Municipal Alzira Reis Vieira Ferreira, em
Niterói.
"A enfermaria de um hospital não tem por que ser um lugar triste e depressivo.
Não há nada pior para a recuperação de um paciente do que ficar imobilizado em
cima de uma cama olhando para o teto. Música é um grande aliado terapêutico
porque estimula imunologicamente o indivíduo. Hospital não deve ser visto como
um lugar onde se tratam doenças e, sim, onde se promove a saúde. E, para a
saúde, não há nada melhor do que boa música", garante Daniel Chutorianscy.
A cardiologista Thamine Hatem é outra entusiasta da utilização terapêutica da
música no pós-operatório de patologias cardíacas. Este ano, ela submeteu 84
crianças, entre 1 e 16 anos, a sessões de 30 minutos de musicoterapia. O
trabalho mostrou que a música ajuda a regularizar a pressão arterial e a
frequência cardiorrespiratória dos pacientes.
"Normalmente, a música clássica e as canções de ninar são as mais indicadas
porque a frequência cardiorrespiratória do paciente tende a acompanhar o ritmo da
música que ele está ouvindo. Algumas, em vez de diminuir, até aumentam. A
técnica é tão eficiente que, ao reduzir a dor e a ansiedade, reduz-se também o
consumo de analgésicos e sedativos", afirma a cardiologista.
Melodia embala pacientes
A musicoterapia faz parte do tratamento multidisciplinar da Associação
Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR), no Jardim Botânico, há 42 anos.
Atualmente, a unidade realiza uma média de 750 atendimentos por mês, a uma
centena de crianças, jovens e adultos. Segundo a musicoterapeuta Therezinha
Jardim, a técnica estimula a reabilitação não só física, mas emocional dos
pacientes.
"A música ajuda os pacientes a se expressarem melhor emocionalmente. Isso alivia
as tensões e favorece o convívio social. Em alguns casos, a técnica consegue
desviar o foco de atenção do indivíduo da dor e do sofrimento para a alegria e o
prazer", afirma Therezinha.
O aposentado Wagner Gaspar Toneloto, 55 anos, é um dos mais animados nas sessões
de musicoterapia da ABBR. Ele se recupera de um derrame cerebral sofrido há dois
meses com a ajuda de chocalhos, pandeiros e tamborins. A princípio, imaginava
que ficaria deitado numa sala ouvindo CDs de música. Mas se enganou.
"Quando você sofre um derrame, precisa reaprender a fazer praticamente tudo. Se
me tornei mais confiante e equilibrado, só tenho a agradecer à musicoterapia. E,
quando falo em equilíbrio, me refiro ao sentido literal da palavra. Até pouco
tempo atrás, não conseguia tomar banho ou me barbear sozinho. Hoje, já tenho até
vontade de dançar quando ouço 'Carinhoso' ou 'A Volta do Boêmio'", brinca.
Os pais do pequeno Cauê Bezerra de Figueiredo, de apenas 1 ano e meio, também só
têm elogios a fazer à técnica. O menino sofre de Síndrome de West, um tipo raro
de epilepsia que afeta geralmente crianças menores de 1 ano. "Meu filho sempre
fica mais calmo e atento quando ouve música. Por mais que não tenha coordenação
motora, ele presta atenção e tenta bater palmas", derrama-se o pai do garoto, o
vendedor Eduardo Bezerra, 31 anos.
"Quando estava no hospital, pedia que meus filhos me levassem discos e violão.
Com a música, eu canalizava a atenção para outras coisas que não fossem a dor
que sentia. A música é o remédio mais elevado que existe", disse, no lançamento
da campanha, em setembro.
Fonte: O Dia
As Características Sonoras e suas Influências nos Sistemas Nervoso e Energético
Os efeitos causados pelo som no ser humano são de conhecimento geral. Em todas
as culturas existe a consciência de que o som influi de alguma forma no
comportamento humano. É comum em nossa sociedade ouvirmos falar que a música
clássica acalma, que alguma outra música como o axé é dançante, ou que algum
outro tipo de música pode ser stressante para algumas pessoas. O mesmo acontece
com os sons não-musicais. O som de uma sirene provoca no motorista uma reação de
alerta, enquanto o som de águas de uma cachoeira pode trazer uma sensação de
profundo relaxamento. Esses inúmeros efeitos do som sobre o homem são estudados
profundamente pela neuropsicoacústica.
Sabemos que o processo da escuta passa não somente pelo aparelho auditivo, mas
que os impulsos sonoros recebidos nesse sistema são descodificados pelo sistema
nervoso central, que é onde ganham sentido. Nesse processo, os sons acabam por
estimular diversas áreas do cérebro, e então despertar inúmeras sensações e
respostas físicas e/ou emocionais.
Partindo desse conhecimento, é possível estabelecer uma relação entre estímulo
sonoro e resposta físico-emocional, campo de estudo e aplicação da
Musicoterapia. Esse estudo envolve questões de grande complexidade. Entre essas
questões está a dificuldade em estabelecer padrões de resposta, já que um mesmo
estímulo sonoro pode conter significados diferentes para indivíduos diferentes.
Estamos falando então que a resposta ao estímulo sonoro passa por questões
diversas, desde cultura, aprendizado social até questões pessoais, que vão de
traços de personalidade até vivências traumáticas, etc. Felizmente, está
comprovado que alguns padrões de estímulo e resposta podem ser mantidos em
relação aos sons. Estes padrões têm relação com elementos sonoros e musicais. Um
exemplo é a associação feita entre sons graves e reações de sonolência ou
relaxamento (claro que dependendo nessa situação de outras variantes, como a
intensidade desse som e o contexto em que ele é aplicado). Esse exemplo pode ser
visualizado com uma sala de aula em que existe um aparelho de ar condicionado,
que emite constantemente, mas em baixa intensidade, um som grave. Muitos alunos
vão se pegar em forte estado de sonolência durante a explanação do professor,
sem saber o motivo dessa sensação. De repente o aparelho é desligado, e têm-se
uma repentina sensação de alerta, e o estado de vigília volta ao normal.
O exemplo acima demonstra uma situação em que houve um padrão geral de resposta
ao estímulo sonoro. Outros padrões gerais podem ser estabelecidos também em
função de outros elementos sonoros ou musicais. Podemos citar entre eles padrões
de respostas em relação à : altura (sons graves, médios ou agudos), intensidade
(sons fracos ou fortes), à duração e ao ritmo (periodicidade do som e
organização temporal), a estrutura (intervalos musicais, harmonias, tipos de
escalas ou modos musicais usados, contrapontos...). Vejamos então, tanto a
música quanto o som, uma vez que causam padrões generalizados ou não de
respostas físicas e psíquicas, podem ser considerados instrumentos causadores de
cura ou patologias.
Aqui entra o instrumento de trabalho do musicoterapeuta. É importante ressaltar
que, antes de tornar-se instrumento de terapia para esse profissional, o som
deve ser em primeiro lugar instrumento de pesquisa. Ao contrário do que se possa
imaginar, o som (musical ou não) que pode ser um aliado à saúde pode também ser
um vilão. Nesse momento, o musicoterapeuta deve estar preparado para conhecer a
fundo seu instrumento de trabalho (o som), e principalmente o indivíduo a quem
se destina o tratamento. Existem fatores diversos que devem ser do conhecimento
do musicoterapeuta para o uso adequado dos sons em seu trabalho. Colocaria em
primeiro lugar o conhecimento de padrões comuns de efeitos sonoros, como por
exemplo o efeito sedativo causado por sons graves citado acima. Depois, deve-se
ter em mente o objetivo do trabalho terapêutico com o indivíduo em questão. O
próximo passo, de grande importância, é o conhecimento do que é o universo
sonoro daquela pessoa, o que ela te traz como material, como é a relação dela
com os sons e com a música.
A seguir, um pequeno esquema dos pontos que "organizam" e orientam o trabalho do
musicoterapeuta:
Conhecer profundamente seu instrumento de trabalho – O SOM
Conhecer profundamente seu "objeto" de aplicação e suas relações com o universo
sonoro – O CLIENTE
Ter plena consciência do que se espera desse trabalho – OBJETIVO DA TERAPIA
Falemos agora de forma mais detalhada de um desses três eixos de orientação do
terapeuta musical: O som.
Este é o principal elemento de discussão deste trabalho, e como foi dito
anteriormente, é o ponto de partida enquanto material do musicoterapeuta. O som
faz parte da vida do ser humano desde antes de seu nascimento. Até mesmo os
surdos podem vivenciar o som, mesmo que somente por forma de vibrações que são
captadas por órgãos tácteis. Sabe-se que uma das primeiras estruturas a serem
formadas do embrião é o tubo auditivo. Pesquisas comprovam também que o sistema
auditivo é o único entre os sistemas de perceção (visão, audição, tato...),
que tem ligação direta e simultânea com os dois hemisférios cerebrais. A partir
dessas informações pode-se imaginar a quantidade e a riqueza das relações que o
cérebro pode estabelecer com o som.
Proponho agora a seguinte reflexão: Um som pode mudar um pensamento, ou um
pensamento pode mudar um som? Entenda-se que nessa questão estou utilizando o
termo "pensamento" num sentido mais amplo, em que pode significar uma ideia ,uma
reação física, um processo químico cerebral (hormonal ou neurotransmissor) ou
até uma sensação emotiva; lembrando também que todas essas coisas citadas
ocorrem de forma integrada.
Arriscaria afirmar que a resposta desta questão não é nem uma hipótese nem a
outra, mas as duas juntas. Um som pode mudar um pensamento, assim como um
pensamento pode mudar um som. Isso torna possível e eficaz o processo
musicoterapêutico. Tudo isso acontece graças ao significado que o som tem para
nós. E é desse processo de significação que nasce a relação entre som e
indivíduo. Ainda em formação, um feto já em condições de ouvir, recebe estímulos
auditivos frequentemente. Os batimentos cardíacos da mãe interiorizam nesse ser
um senso rítmico. A mãe pode em algum momento acariciar a barriga e conversar
com um bebé usando um tom de voz mais suave, mais agudo, que será nesse
indivíduo relacionado então com uma sensação de bem estar. E essas relações que
vão sendo desde tão cedo estabelecidas com os sons é que nos acompanham durante
toda a vida, tornando-se cada vez mais complexas.
Na hipótese do poder de um pensamento mudar um som estamos claramente falando
desse processo de significação. Um estímulo sonoro que pode ser aparentemente
inofensivo para alguns indivíduos, pode comprovadamente em outros desencadear
ataques epitéticos, por exemplo. Partindo do contrário, é sabido que a música
pode ser usada no controle de reações emocionais como o stress ou a ansiedade
exacerbada. Nesse caso, o som pode mudar um pensamento. Então, o trabalho do
musicoterapeuta consiste em introduzir-se nesses processos de significação entre
cliente e som, de forma a absorver o máximo de informações dessa relação, e
assim poder usar o som como instrumento de terapia.
Todos os sons possuem uma frequência de vibração. Essa frequência, geralmente
representada em Hertz, determina o número de vezes que a onda sonora completa um
ciclo em função do tempo. Assim determina-se a altura desse som (se é grave,
médio ou agudo) como mencionado anteriormente. Sabe-se também que o
funcionamento do cérebro assemelha-se a um sistema elétrico, e que as
informações processadas nele são como uma rede de energia. Se falamos de
energia, logo estamos falando em vibração. Com objetivos terapêuticos podemos
relacionar a frequência sonora com a frequência energética cerebral. Existem já
diversas correntes terapêuticas que propõe tratamentos partindo da energia
vibracional do cérebro e corpo. Entre essas correntes destaco como exemplo a
análise bioenergética, proposta por Alexander Lowen, derivando das teorias de
Reich. Mas, creio que a musicoterapia tem em mãos um elemento precioso para o
trabalho com vibração energética, que é o som. Por ser propagado em forma de
ondas, assim como a transmissão cerebral de informações, características físicas
podem ser comparadas em ambos os processos. Assim, seria lógico concluir que o
impulso sonoro pode influir no processo de neurotransmissão. Um estudo mais
amplo e profundo nesse campo poderia, quem sabe, estabelecer padrões mais
concretos de respostas do sistema nervoso em relação ao som.
Nota-se a partir das reflexões e discussões propostas nesse trabalho, como é
amplo e ainda repleto de incógnitas o campo de pesquisa da neuropsicoacústica e,
por conseguinte, também o campo de pesquisa da musicoterapia. O importante para
o profissional que busca a melhora da saúde e da qualidade de vida de seus
clientes através do som, é estar sempre em processo de aprofundamento, de
procura de novas e eficientes respostas que absorvam do som e de tudo o que
dele deriva, seu maior potencial curativo.
Postado por Luísa Mendonça
"Música, arte de harmonizar sons para produzir sensações que
agradam." Várias definições tentam descrever o que esta poderosa aliada do ser
humano é, faz e provoca. Mas não são necessárias tantas definições, pois na
prática ela faz parte da vida de quase todos nós. A humanidade em sua evolução
teve os sons e as suas combinações transformadas em música, lado a lado com cada
passo dado. O ser humano, individualmente tem a música, os sons e as vibrações
fazendo parte de sua vida desde a estada no ventre materno até o momento de
morte e finalização de ciclo. Música comemora, ritualiza, potencializa, educa,
compartilha, estimula, marca e impulsiona.
Música também entristece, perturba,
agita, incomoda, deprime, irrita e ensurdece. Pode ser uma companheira positiva,
mas se mal utilizada romper o equilíbrio e causar mal. Até o canto tão
espontâneo que faz parte do crescimento da criança tem sido pouco usado, pois
alguns inventaram que tem de saber cantar para tal. "Quem canta seus males
espanta". Esse ditado tão utilizado e conhecido retrata bem o que a música com o
recurso do canto pode causar. E isso é tão simples. Cantar é e deve ser como
respirar. Sem censuras, exigências". Cantar
é e deve ser como respirar. Sem censuras, exigências" , a não ser em um contexto académico erudito, o que não é o caso. Nascemos
cantando, porque o choro que o bebé emite ao nascer é o seu canto de dor e
alívio ao ser inundado de uma vez só com um golpe de ar em seu pulmões. E outros
cantos apaziguadores e amorosos suavizam cada momento de adaptação deste novo
habitante, ora no acalento, no brincar ou estimular sua interação e compreensão
do mundo.
Efeitos positivos
Desde os primórdios da evolução muitas culturas utilizam
cantos para aumentar a capacidade de trabalho em suas plantações e comemorar
suas colheitas. Cantando prossegue-se ao comemorar cada novo ano de vida. Torcer
por times, distrair-se em "baladas", potencializar valor de orações, meditações.
Unir culturas e aumentar autoestima fazem parte de um dos grandes efeitos que a
música, quando utilizada adequadamente, alcança.
Conscientemente, muitas pessoas utilizam a música, através do
canto, como forma terapêutica. "Quando eu soltar a minha voz... eis aqui uma
pessoa se entregando", cantava Gonzaguinha. Soltar a voz, ser ouvido, ser
reconhecido, é vital para seres comunicativos como nós. O canto auxilia na
dicção, postura, sensibilidade, autoestima, audição, afinação, segurança.
Musicoterapia
Cantar é a respiração estruturada com efeito fisiológico que
se transforma em massagem para o intestino e em alívio para o coração. Essa
respiração fornece ar adicional aos pulmões, impulsiona a circulação sanguínea e
melhora a concentração e a memória. Cantar nos harmoniza e também reforça o
sistema imunológico. Desde o final da segunda guerra a música passou a ser
utilizada também de forma terapêutica por um profissional musicoterapeuta
graduado e/ou pós-graduado. Foi necessária esta especialidade para tentar
minimizar as graves sequelas causadas pela guerra. Em todos os continentes,
cursos e associações foram criados e a formação deste profissional que utiliza
esta arte com objetivos terapêutico e científico na saúde e qualidade de vida
passou cada vez mais a ser valorizada e utilizada. Surgiu a Musicoterapia.
Se a música, através do canto, naturalmente causa bem estar e
provoca equilíbrio, quando é aplicada por um profissional capacitado, sua
eficácia é certa. Caso haja um desequilíbrio maior, pode-se procurar este
profissional e utilizar de forma mais direcionada e eficaz para a saúde; o
canto, a música e diversos recursos sonoros prazerosamente. "Por isso uma força
me leva a cantar, por isso esta força estranha no ar..." Por isso, cantem, não
parem. Usem a voz, a música e vivam melhor!
AUTOR : Nydia Monteiro